sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Aeroporto - Moita Flores diz que primeiro-ministro entrará em "contradição profunda" se optar por Alcochete



O presidente da CM de Santarém considera que se o primeiro-ministro voltar atrás numa decisão que assumiu publicamente como irreversível e optar pela construção do aeroporto no Campo de Tiro de Alcochete entrará numa "contradição profunda".

"O primeiro-ministro assumiu perante o país que o novo aeroporto internacional de Lisboa seria na Ota. Disse na RTP, todo o país ouviu, que essa decisão era irreversível. Se agora for para Alcochete, [José Sócrates] terá de se explicar muito bem", afirmou Francisco Moita Flores à agência Lusa.
O autarca disse não ter dúvidas que essa "contradição profunda" será usada para "desgastar" o Governo.
Para Moita Flores, o estudo da Confederação da Indústria Portuguesa (CIP), divulgado esta semana, ajuda "a perceber melhor" as vantagens da construção do aeroporto no Campo de Tiro de Alcochete, pela rede de acessibilidades que lhe é associado, e dá "homogeneidade" à Região de Lisboa e Vale do Tejo.
No seu entender, o novo aeroporto internacional de Lisboa terá "impactos importantíssimos" em Santarém, quer seja construído na área actualmente ocupada pelo Campo de Tiro de Alcochete (nos concelhos de Benavente e Montijo), quer seja na Ota (Alenquer).
Contudo, o estudo da CIP deixou claro que a acessibilidade Norte mais próxima do aeroporto, se este ficar na margem esquerda do Tejo, é Santarém, afirmou.
Considerando que os defensores da opção Alcochete "têm trabalhado", enquanto o chamado lobby pró-Ota tem estado "de braços cruzados", o que leva a que "cada vez mais" se tenda para a localização na margem esquerda, Moita Flores frisou que, caso isso aconteça, há que acautelar devidamente a questão da enorme reserva natural situada naquela zona.
Quanto à proposta da CIP de um novo traçado para o TGV, que passaria pelo aeroporto seguindo pela margem esquerda do Tejo até Santarém, onde atravessaria o rio e seria construída uma estação, Moita Flores não acredita que isso venha a acontecer.
"Só uma hecatombe faria o Governo recuar na Ota e também no TGV", disse, sublinhando que na óptica de Santarém obviamente que seria defensor dessa solução, mas "olhando com ponderação o interesse nacional" não lhe parece que seja defensável.
Sublinhando que o processo do TGV já vai muito avançado, o autarca afirmou que a solução que a Refer, Rede Ferroviária Nacional está a encontrar para Santarém "é a melhor", ligando a cidade a todo o país.
A Refer, com cujos técnicos se reuniu na quarta-feira, vai avançar com o estudo de impacte ambiental para a variante da linha de caminho-de-ferro do Norte junto a Santarém (um desvio que retira a circulação ferroviária da sensível zona ribeirinha da cidade e que criará uma nova estação na Portela das Padeiras).
Segundo disse, o grupo que tem estado a trabalhar este projecto tem tido "grande cautela" para não chocar com os interesses das populações, tendo aceite "praticamente todas as sugestões" apresentadas durante o período de consulta pública.

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