segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Desporto: o herói de Silves chamou-se António Oliveira e subiu os 100 metros...


Subida Impossível teve um herói

Chama-se “Subida Impossível”, mas quase sempre alguém a torna possível. Este ano, o herói de Silves chamou-se António Oliveira e subiu os 100 metros com 82 graus de inclinação uma única vez. Isso bastou para que os 12 mil presentes entrassem em apoteose.

Durante todo o dia de domingo, 54 pilotos de vários pontos do País tentaram infringir as leis da física, sobretudo aquela regra instituída por Galileu que diz que os corpos têm uma estúpida tendência para cair para o centro da Terra se para isso tiverem as condições adequadas.
E adequação à condição pesada dos objectos é coisa que não falta por ali, tanto que aquela subida impraticável, que todos os anos, desde 2001, é percorrida (na esmagadora maioria das vezes, apenas parcialmente) pelos homens das máquinas não-voadoras, se chama mesmo “impossível”.
A maior parte deles caía, alguns ficavam sem motor a meio da ladeira, outros ainda embrulhavam-se com a mota e tinham que ser salvos pelos abnegados comissários de pista, que, com a ajuda de cordas, os ajudavam a descer para inclinações mais decentes.
Os 12 mil espectadores que decidiram passar um dia de São Martinho com menos castanhas mas divertindo-se literalmente com as quedas dos outros, assistiram a 116 fracassos (materializadas em tombos espectaculares ou simples desistências nos braços dos comissários) e duas subidas até ao cimo, ambas protagonizadas pelo vencedor da prova.
Só um dos feitos contou, pois a outra subida até à meta efectuada na finalíssima, a que só têm acesso os 10 primeiros – não contou, por infracção das regras. Mas, regas à parte, levou palmas populares que se fartou.
Levada a cabo com muita dedicação pelo Motoclube de Albufeira, na zona Enxerim, Silves, a Subida já vai na sétima edição e os seus organizadores garantem que se trata de evento único na Península Ibérica. A inspiração veio da Áustria, o país “campeão europeu” deste tipo de desafios em rampa.
O herói do dia veio de Sintra, chama-se António Oliveira, e, na segunda manga, da parte da tarde, logrou subir ao cimo dos 100 metros e levar para casa o prémio monetário de 1.250 euros que os homens de Albufeira disponibilizaram para o vencedor. O segundo classificado, Henrique Vender, ficou-se pelos 70 metros.
“Todos os anos chegam dois ou três lá acima, mas este ano o estado do terreno não deixou”, diagnosticou o presidente do Motoclube de Albufeira, Marcelino Rato, em declarações ao “algarvepressNEWS”, segundo o qual a lama ou o terreno pesado são mais fáceis de superar do que a terra poeirenta, que faz as máquinas resvalarem.
Actualmente, a corrida disputa-se em duas categorias distintas (mais e menos de 125 centímetros cúbicos), mas para o ano deverá haver uma classe de protótipos, dedicada àqueles que transformam as suas máquinas, configurando-a para a subida.
Realizada em Silves por notória falta de impossibilidades nas inclinações do centro algarvio, a Subida Impossível é a “menina dos olhos” do Motoclube de Albufeira, que traz ao Algarve gente de todo o País (muitos deles pilotos federados), mas na calha está já uma nova prova de resistência.
Para o ano há mais. Quedas e – espera-se – glória.

(João Prudêncio)

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