Dia Mundial do Não Fumador
Um homem já livrou mil pessoas da “passa”...
Dono de uma clínica com um método que se afirma inovador, José Lourenço garante que já salvou mais de mil clientes do tabaco. Mas há uma minoria, assevera, que “nem que a vaca tussa” deixarão o cigarrinho. E aí… não será só a vaca a tossir.
A clínica chama-se “Não Fumo Mais”, fica em Faro, e é apenas uma, a mais meridional, de 15 clínicas daquela rede a operar em território nacional. Em três anos, jura o ex-delegado de informação médica que decidiu passar os tempos de reforma como empresário do anti-tabagismo, salvou mais de um milhar de clientes do cigarrito.
“Nós garantimos um sucesso de 90 por cento, mas estou convencido que os índices acabam por ser mais elevados”, sustenta José Lourenço, 64 anos, explicando que o método permite uma interacção da acupunctura “sem agulhas” com produtos naturais e uma boa dose de psicologia.
Tudo começa com uma consulta de cerca de uma hora com o psicólogo, em que o próprio doente – o tabagismo é considerado uma doença pela Organização Mundial de Saúde (OMS) – é levado a ponderar o que poderá ganhar se deixar de fumar.
Passará então à fase de diagnóstico, através da expirometria, em que são verificados os danos causados pelos anos de fumo do paciente, “até para que ele tenha a noção dos estragos que o tabaco lhe está a causar”, indica José Lourenço.
Como manifestação de vontade de acabar com o mal, o paciente é convidado a deixar o “último maço” à porta da sala de terapia, afirma, apontando um cesto de papéis a abarrotar de “últimos maços”.
Na esmagadora maioria dos casos – aqueles em que o psicólogo avalia que o fumador tem deveras condições para reverter o vício – passa-se então ao método da acupunctura sem dor, em que um ponteiro ligado a uma máquina toca em 18 pontos sensíveis de cada uma das orelhas.
O tratamento é acompanhado da administração de produtos naturais, explica José Lourenço, adiantando que a conjunção do tratamento em máquina com esses produtos faz com que a simples inalação do fumo de um cigarro deixe um “sabor metálico” muito desagradável, que só por si inibe a continuação do fumo.
O tratamento contínua na semana seguinte, o período mais difícil da terapia é precisamente essa semana. “A partir de certa altura, o fumador só vem se precisar, nós telefonamos periodicamente à pessoa para ver se tudo está a correr como o previsto”, assinala.
De etapa em etapa: a primeira semana é fundamental para solidificar a vontade própria, o fim do primeiro mês marca o final do perigoso período em que “a nicotina bate à porta” e o fim do terceiro mês assinala o termo do ciclo em que o doente pode ser traído pela sua própria desmotivação psicológica, pelo que é crucial o acompanhamento mais constante pelo psicólogo clínico nos primeiros 90 dias de tratamento.
Restaurantes permissivos não ganharão clientes
“A nossa especialista sabe explorar os reforços positivos, a melhor coisa que podemos ouvir de um fumador que nos procura é ‘eu preciso de ajuda para deixar de fumar’, isso abre todas as portas para o universo da cura”, afirma.
José Lourenço conta a história de um casal jovem, na casa dos 28 anos, que procurou ajuda há poucos meses, ele com um “cadastro” de dois maços e ela com maço e meio diário. “Quando ele disse que ia fazer musculação, eu tive logo a percepção que o tratamento ia ser um sucesso, pois canalizar a energia para o ginásio é excelente”
O caso mais difícil de que se lembra, todavia, ocorreu há cerca de dois anos, quando um homem de 45 anos, que fumava quatro maços por dia, lhe entrou pela porta dentro: “Tinha aqui um psicólogo com uma sabedoria do tamanho do mundo que conseguiu acabar com aquilo”, conta, sublinhando que não se podem esperar milagres se a força de vontade não ajudar.
Médicos, enfermeiros e caçadores “frustrados porque não tinham fôlego para acompanhar os companheiros atrás das presas” estão entre os clientes da “Não Fumo Mais”, explica.
O tratamento custa 330 euros e pode ser pago em vários cheques, sem juros.
Todavia, nos centros de saúde de todo o Algarve e nos hospitais há consultas de anti-tabagismo gratuitas, que recorrem à medicina convencional, com administração de medicamentos de farmácia.
Sobre a nova lei anti-tabágica, que sairá em Janeiro – um bom mês, porque ao determinar o início de um novo ano pode apontar o início de um novo ciclo de vida para muita gente, explica José Lourenço -, o empresário congratula-se com a sua entrada em vigor, mas critica a permissividade relativamente aos restaurantes.
“Provavelmente em Portugal muitos estabelecimentos vão permitir o fumo porque pensam que vão perder clientes, mas isso não é verdade”, sustenta, apontando o exemplo da Irlanda, onde proibiram em todos os bares e restaurantes e as casas acabaram por ganhar novos clientes”.
Hoje assinala-se o Dia Mundial do Não Fumador, numa altura em que, estima-se, o tabagismo está na origem de cinco milhões de mortes por ano e se estima que em 2020 o número duplique.
Segundo dados da OMS, o fumador vive menos oito a dez anos que o não fumador. Em presença de patologia pelo tabaco, pode até viver menos cerca de 20 anos.
(João Prudêncio)
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