Recolhido número recorde de abutres no Algarve!
Três dezenas de abutres foram encontrados nos últimos dias no sul do País, o que constitui um recorde absoluto.
Quem o diz é o coordenador do Centro de Recuperação de Aves da Ria Formosa, que atribuiu o fenómeno às condições climáticas.
Só hoje, quinta-feira, foram reportadas duas ocorrências, em Castro Marim e Salir, e quarta-feira houve quatro, uma das quais numa árvore situada numa das principais avenidas de Faro.
Responsáveis do Centro de Recuperação do Parque Natural da Ria Formosa têm recolhido os animais e 26 deles ainda se encontram em recuperação, enquanto outros dois foram encontrados já mortos e foram para análise, disse à Lusa o coordenador do centro, Daniel Santos.
"Desde 1989, quando começámos a trabalhar, o maior número anual de grifos [abutres] acolhidos no nosso centro foi de 12, no ano passado", realçou, observando que, em média, o número de ocorrências não ultrapassa as quatro por ano, com vários anos em que se registam dois ou três casos.
O mesmo responsável atribui o fenómeno à inexistência de correntes de vento favoráveis que levem as aves para África, onde passarão os próximos meses, depois de terem demandado o Norte e Centro da Europa nos últimos meses.
"O vento sueste já dura há mais de um mês e como estes animais são planadores, que aproveitam as correntes de ar, não conseguem voar contra as correntes desfavoráveis que sopram neste momento", explicou.
A inexistência dessas correntes, que se deverá às altas temperaturas que ainda agora se verificam no sul do País, impede-os de prosseguir e acabam por ficar no sul da Europa, explicou.
"O perigo é que elas sejam apanhadas por um cabo de alta tensão ou uma viatura e além disso, como se trata de aves necrófilas [que se alimentam de cadáveres em putrefacção], não encontram alimentos nestas zonas", disse.
Sublinhou que os animais não constituem perigo para os humanos, que devem avisar as autoridades de novas ocorrências.
A emergência anormal de animais ao centro situado na Quinta do Marim, próximo de Olhão, tem levantado alguns problemas logísticos, o que já levou os responsáveis do Parque Natural da Ria Formosa a apelarem às grandes superfícies da região para que forneçam carne ao organismo.
Um abutre médio consome cerca de 1 quilo de carne por dia, esclareceu Daniel Santos, acrescentando que o centro - que está com dificuldades orçamentais e aguarda que haja mecenas - dá apenas fricassé de frango aos necrófagos, "porque é o mais barato".
As aves que são recolhidas no sul de Portugal têm, em regra, problemas de subnutrição, pois voaram centenas de quilómetros e, quando são forçados a parar, enfrentam a carência de alimentos.
A ave recolhida quarta-feira à noite numa árvore da avenida 5 de Outubro, próximo da baixa de Faro, tinha 6,5 quilos, muito abaixo do que seria normal, isto é, cerca de 9 quilos.
Depois de uma recuperação que dura entre 25 e 30 dias, destinada a fortalecê-los, os abutres são de novo postos a voar, esclareceu Daniel Santos.
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