domingo, 4 de novembro de 2007

Loulé - Fotógrafos descobrem cidade subterrânea!




Fotógrafos descobrem cidade subterrânea...

Foi numa autêntica cidade mágica, com quilómetros de estradas onde cabem camiões e dezenas de galerias, algumas gigantescas, que 11 fotógrafos algarvios mergulharam este último sábado. Por uma manhã, as minas de sal gema de Loulé escancararam-se às câmaras.

Por iniciativa da própria mina do grupo CUF, que propôs a organização da “batida fotográfica” à Casa da Cultura de Loulé, os 11 afortunados fotógrafos percorreram ao longo da manhã alguns quilómetros da mina de sal, a 230 metros de profundidade.
Divididos em três grupos, cada um dos quais acompanhado por um guia, os homens e mulheres das máquinas fotográficas – todos eles amadores – visitaram as grutas abertas pelo esforço do homem, que desde a década de 60 vai esventrando o enorme torrão de sal, com pelo menos 1 quilómetro de profundidade.
Hoje em dia com uma produção reduzida a 40 mil toneladas de sal por ano (em 2005 eram 1100), as minas têm agora 20 trabalhadores, que se dividem em dois turnos, alguns dos quais serviram de “modelos” à curiosidade dos “bate-chapas”.
Equipados do mais diverso material, alguns com simples compactas outros com modelos profissionais e pesados tripés, calcorrearam as galerias abertas ao longo de 40 anos por homens e máquinas, algumas das quais a poder de picareta e dinamite.
Hoje, o trabalho mais pesado está reservado para uma máquina, espécie de “tuneladora” primitiva a que por ali se chama “roçadora” (porque abre roços), que centímetro a centímetro estripa o gigantesco bloco de sal, que se alarga para leste da cidade e não se sabe onde acaba. Há quem diga que em Barcelona.
“Eu nem vim tanto pela fotografia, foi mais pelo privilégio de poder andar aqui e descobrir este mundo fascinante”, declarou uma professora universitária que, de máquina em punho, desvendava os segredos do “ventre da baleia”, como lhe chamava devido às marcas das máquinas no tecto dos túneis, parecidas com as costelas de um cetáceo vistas de dentro.
Engolidos pelo monstro, os 11 “jonas” dos tempos modernos (eram 12, mas um deles desistiu à última hora) iam desvendando as entranhas da terra com as suas objectivas, iluminando-as com os seus flashes.
Quatro horas depois do começo, após quilómetros percorridos de tripés e mochilas às costas, os fotógrafos subiam de novo pelas goelas do monstro, num acanhado elevador em forma de jaula.
A cabine atravessa primeiro o torrão formado há 250 milhões de anos (ainda nem havia dinossauros na Terra) e depois vai subindo, primeiro pelo gesso e por fim pelo calcário, antes de irromper do subsolo e oferecer a claridade de um bonito sábado de sol aos olhos já habituados à escuridão.
A iniciativa entronca num projecto mais amplo, designado Sub-Terras de Loulé, que há cerca de um mês levou ao fundo da mina cerca de 160 pessoas para assistirem a sessões de cinema, num ciclo significativamente dedicado à claustrofobia.
Já à superfície, cada um dos fotógrafos entregou um cartão com 36 fotos. Algumas das quais serão agora seleccionadas para uma exposição colectiva, a organizar pela Casa da Cultura de Loulé.

(João Prudêncio)

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