terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Portal "emprego.pt" causa polémica com divulgação!

Portal emprego.pt já está a causar polémica com divulgação

Iniciativa arranca na Primavera!

Várias caixas de e-mail têm vindo a receber na última semana uma mensagem intitulada 'Torna-te um pioneiro do portal Emprego.pt' na sequência de uma campanha de marketing que, apesar de aparentemente legal, está a causar algum incómodo.

«O portal Emprego.pt vai arrancar no final de Março ou início de Abril nos moldes de outros portais de emprego já existentes em Portugal mas, com recurso a novas tecnologias, pretende fomentar a oferta e a procura de trabalho em todas as áreas», explicou Nuno Craveiro Lopes, de 33 anos, que lidera o projecto.

«Propostas de trabalho a tempo inteiro ou a tempo parcial, de trabalho temporário ou em regime freelancer são algumas das opções que o portal vai oferecer», assegurou o empresário na área da informática e novas tecnologias que adquiriu o domínio emprego.pt em 2003.

O domínio, registado desde 12 de Março de 1999, segundo a Fundação para a Computação Científica Nacional, pertencia à Bravonet, que o vendeu «por uma soma elevada, dado ser um domínio forte e cobiçado», revelou Nuno Lopes.

Os conteúdos do portal ainda não estão disponíveis, mas qualquer pessoa pode fazer a pré-inscrição e é precisamente esta fase que tem vindo a gerar desagrado em alguns utilizadores, que são desafiados a convidar amigos a registarem-se, acabando por - involuntariamente - fazer o convite a toda a lista de contactos.

«Na segunda página que surge no acto de pré-registo, o utilizador é informado de que pode convidar amigos a inscreverem-se no portal e eu aceitei, tendo colocado no site o login e a password com que acedo à minha caixa de e-mail», explicou Inês Branco, 31 anos, estudante no Mestrado de Jornalismo da Universidade Nova de Lisboa.

Inês, que fez a pré-inscrição há cerca de uma semana, pensava que, em seguida, lhe ia surgir na página de Internet a lista de contactos, «para poder escolher a quem ia dirigir o convite», pelo que não cancelou o processo (algo que o portal permite sem que isso implique perder o registo individual).

«Estranhei não ter essa opção, mas só depois percebi que o sistema tinha enviado convites para todas as pessoas dos meus contactos, sem que fosse essa a minha intenção», contou, sublinhando que «esta forma de funcionamento acaba por ser muito parecida com o SPAM», publicidade não solicitada enviada via Net.

Luís Ferreira recebeu a mensagem 'Torna-te um pioneiro do portal Emprego.pt' de «seis ou sete pessoas diferentes em menos de uma semana», inclusivamente de remetentes que desconhecia terem o seu endereço electrónico.

O tradutor de 30 anos, para quem «o mais preocupante é o utilizador não poder controlar os envios», avança uma situação hipotética: «Imagine-se uma pessoa que - estando em funções num determinado local - gostava de mudar de emprego mas ainda não quer revelar isso a colegas e chefias. Neste caso, e como é provável que tenha os e-mails destes na sua lista, acaba por lhes enviar um convite que, em simultâneo, revela as suas intenções de deixar aquele trabalho».

Também João Pedro Freire, de 36 anos, considera a técnica de envio «agressiva e contraproducente para o portal, na medida em que quem se inscreve fica de pé atrás quando percebe o que realmente aconteceu».

A fazer o doutoramento em Engenharia Florestal no Instituto Superior de Agronomia, João Freire inscreveu-se no passado dia 10 e, «sem querer», enviou propostas «aos cerca de 420 contactos» que integram a sua lista de e-mails.

«Não havia necessidade de remeter o convite para a minha orientadora de doutoramento nem para os órgãos de comunicação social, como acabou por acontecer por eu fazer parte da Associação dos Bolseiros de Investigação Científica, que estabelece contactos regulares com jornalistas», assinalou.

João Pedro Freire afirmou ainda que o facto de - para convidar outras pessoas - ter de inserir no portal a senha com que acede ao correio electrónico o deixou «receoso de estar a permitir o acesso às mensagens e aos contactos guardados na caixa de e-mail», tendo procedido já à alteração da palavra-passe.

Para Nuno Craveiro Lopes, esta precaução era escusada, «pois os responsáveis pelo portal não ficam com os endereços para os quais as pessoas enviam os convites», apesar de o sistema registar essa informação, como comprova o facto de existir a referência exacta aos «416 convites que João Freire dirigiu no dia 10 de Janeiro às 10h17».

«Como nos apercebemos de que havia pessoas a receber convites de vários remetentes, tomámos medidas para que, no momento de proceder a um envio, seja automaticamente verificado se o endereço já foi utilizado, de modo a evitar envios repetidos», esclareceu ainda Nuno Lopes.

Em relação ao pedido de uma palavra-passe que dá acesso à conta de e-mail do utilizador do portal, o responsável afirmou que se trata de um procedimento comum em vários sites e adiantou que a política de privacidade de Emprego.pt pode ser consultada na própria página.
«O que sucede em muitos casos é as pessoas não lerem as informações e ficarem com desconfianças injustificadas», sublinhou, acrescentando que o sistema «já gerou dois milhões de convites, excedendo as melhores expectativas».

Declarando que o portal «pode contribuir para resolver um dos grandes problemas do país, o desemprego», o mentor de Emprego.pt garantiu que «tudo está a ser feito dentro da lei».
Segundo se lê no site, que começou a ser desenvolvido há cerca de um ano, quando o utilizador lança o desafio aos contactos da sua lista, está a ganhar créditos - que aumentam em função do número de pessoas convidadas - para utilizar nos serviços que o portal vai oferecer quando arrancar.

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