Floripes (rodado em Olhão) esgota salas algarvias há mais de 15 dias!!
O filme português "Floripes ou a morte de um mito" está a ser um sucesso de bilheteiras no Algarve com sessões esgotadas há mais de 15 dias em algumas salas de cinema, revelando um fenómeno cinematográfico a nível regional.
Desde a estreia da película algarvia 'Floripes', no dia 20 de Dezembro, até à noite de sexta-feira as sessões diárias das 22:10 têm estado esgotadas.
A princípio o filme estava a ser projectado numa sala com 112 lugares, foi mais tarde mudado para uma sala menor (96 lugares) e depois voltou à sala inicial, informou fonte da bilheteira dos cinemas do Fórum Algarve, em Faro.
Além da sessão diária foi acrescentada uma segunda sessão do filme 'Floripes', às sextas-feiras e sábados à 00:40, que também tem esgotado sempre, afiançou uma das funcionárias da bilheteira em Faro, Rita Guimarães.
A afluência de espectadores algarvios ao filme rodado em Olhão, com 'sotaque' algarvio e legendado em português, é também, e principalmente, um fenómeno na cidade piscatória olhanense.
A sala de Olhão onde passa o filme, com 260 lugares, está sempre super-lotada, obrigando mesmo muitas pessoas - aconselhadas pelo 'boca à boca' - a deslocarem-se às salas de cinema de Faro.
"Vim de propósito de Olhão porque lá a sala estava cheia. Só vim ao cinema porque é um filme de Olhão com uma lenda da minha terra e temos de ajudar", lançou Paulo Jubilot, 35 anos, que confessou à reportagem, já não vir há quase seis meses ao cinema.
"Ouvimos falar do filme que era engraçado e em português. Vamos ver se é melhor do que aquele da Carolina - o 'Corrupção'", contou o jovem Fábio, 19 anos e bate-chapas de profissão, que veio com a namorada Clara, 17 anos, estudante.
A curiosidade, os falares com pronúncia algarvia como 'móce' (moço), 'tá tudo charingado' (está tudo estragado), 'tá o mar feto num cão' ou 'pádzé' (compadre Zé) e o facto de os actores serem todos de Olhão e conhecidos dos espectadores são os ingredientes apontados para o fenómeno cinematográfico regional.
O realizador do filme, Miguel Gonçalves Mendes, disse à Lusa estar orgulhoso pelo sucesso de bilheteira que o seu filme está a ter no Algarve e acredita que o fenómeno regional se explica por passar de "boca em boca".
"O sucesso explica-se em Olhão porque há uma grande empatia com o filme, que retrata um mito contado pela comunidade, e porque todos os actores são daquela cidade piscatória", defende o jovem realizador, de 29 anos, acreditando que depois a mensagem corre.
Nascido na Covilhã, mas tendo vivido a infância e adolescência em Olhão, Miguel Gonçalves Mendes contou que desde os nove anos que se recorda de ouvir contar a lenda da moura encantada que vagueava durante a noite por Olhão a tentar seduzir os homens para que a libertassem do seu feitiço.
Com o convite da 'Faro, Capital Nacional da Cultura', e com apenas 30 mil euros de orçamento para rodar o filme, Miguel Gonçalves Mendes explica ainda o sucesso pelo lado humorístico do filme e por abordar os temas do amor e do medo da morte.
"É um filme cheio de humor e os temas do amor e o medo da morte toca a todos. São temas que tocam muito às pessoas", refere o realizador, recordando que até a actriz principal, Selma Cifka (Floripes), a única profissional de todo o elenco, nasceu em Olhão.
A película já passou pelos festivais de cinema Fantasporto (Porto) e Indie (Lisboa), tendo estreado em Faro, Olhão e Lisboa em meados de Dezembro.
O filme conta com quatro protagonistas: Selma Cifka (Floripes), João Sancho (Julião), João Salero (Quinzinho) e Catarina Barros (Aninhas) e cerca de 50 actores secundários e figurantes, todos amadores e de Olhão, como o realizador gosta de repetir.
O filme demorou um mês e meio a rodar, tendo sido repartido três semanas para o documentário e outras três semanas para rodar a ficção.
A longa-metragem que continua a esgotar as sessões em Faro, vai estrear ainda este mês em Portimão e Silves, mas também pode ser vista em Lisboa nos cinemas Medeia King e no Porto no Medeia Cine Estúdio Teatro do Campo Alegre.
O filme, de 67 minutos e cuja banda sonora é original da autoria de Paulo Machado, baseia-se na lenda segundo a qual uma moura encantada tenta seduzir os homens para que a libertem do seu feitiço e a única forma de o fazer é atravessando o mar, levando consigo uma vela acesa, mas, se esta se apagar, ela morrerá.
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