sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Lisboa-Dakar: "Grave golpe para o desporto"!

Sainz diz que é "grave golpe para o desporto" e Despres que lhe "cortaram as pernas"

O sonho que fica por realizar, os resultados que ficam por acontecer, o trabalho e o investimento que quase nada rendeu... Depois de tantas expectativas, tudo se desmoronou hoje, quando a organização do Lisboa-Dakar anunciou que pela primeira vez em 30 anos o Dakar não se iria realizar.


A decisão apanhou todos de surpresa, que nunca esperariam que uma prova como o Dakar em que o risco está sempre presente e que em todos os anos se verificam mortes entre a caravana, resistisse a tudo, menos ao terrorismo. Talvez por isso, a maioria dos pilotos tenham tecido duras criticas à decisão.



Carlos Sainz: "É um grave golpe para o desporto"


Carlos Sainz, um dos favoritos à vitoria, mostrou-se muito «desiludido e triste» com a anulação da prova. "Que se anule uma prova como o Dakar por um motivo extra-desportivo é criar um grave precedente no desporto", afirmou o piloto da Volkswagen. Carlos Sainz disse ainda que ficou surpreendido com a decisão dos organizadores em anular a totalidade da prova, seguindo a recomendação do Governo Francês para não atravessarem a Mauritânia, devido aos conflitos terroristas que se vivem no País, cenário de oito das quinze etapas. "Pensei que fossemos até Marrocos e que seriam anuladas as etapas na Mauritânia, sendo criado depois uma etapa alternativa em Marrocos, já que é um pais mais seguro. Se decidiram cancelar toda a prova, lá terão as suas razões", disse o piloto Madrileno.



Marc Coma: "Os meus melhores anos estão a passar"


Vencedor na categoria de motos em 2006, Marc Coma, ficou «decepcionado» com a anulação da edição deste ano e que apesar de pessoalmente sentir que os seus melhores anos estão a passar, lamentava ainda mais por África e por todos os que trabalharam na preparação do rali. "Pessoalmente, a carreira desportiva é curta. O ano passado perdi o Dakar e este ano não o posso sequer correr. Os meus melhores anos estão a passar. Felizmente já venci esta prova por uma vez", disse o piloto que no ano passado teve de abandonar a duas etapas do fim, quando liderava a classificação. "Não se trata apenas de uma corrida, é muito mais. É o trabalho de muitos meses", comentou o piloto, preocupado com as consequências que a anulação da prova terá para na Mauritânia.



Despres: "Cortaram-me as duas pernas"


O francês, Cyril Despres, vencedor na edição passada, na categoria de motos, mostrou-se também ele decepcionado, sentindo que lhe tinham «cortado as duas pernas». "Não se pode fazer um Dakar sem que se goste de Africa. Penso na minha equipa e também em toda a gente que quer a corrida, em quem esteve tanto tempo a preparar a corrida com que tanto sonhavam e quando cai uma notícia assim é muito duro". Apesar da tristeza, Despres, confia na decisão dos organizadores: "A organização tomou uma decisão que respeito muito, porque eles montam a corrida e nós apenas participamos no jogo!, afirmou o motard Francês.



Elisabete Jacinto: «Antigamente os pilotos sobreviviam e hoje em dia não sobrevivem?»
Também Elisabete Jacinto se mostrou critica com a decisão, lançando uma questão que nos faz pensar: «Antigamente os pilotos sobreviviam e hoje em dia não sobrevivem?». A piloto Portuguesa considerou que a decisão de anular o Lisboa-Dakar 2008 é "estranha" e pode comprometer o futuro da prova.



Elisabete considera que "parece estranho. Eu não tenho informações suficientes para dizer seja o que for. Sei que até agora a organização disse sempre que tinha garantido a segurança e que trabalhou junto do governo da Mauritânia para garantir a segurança de toda a comitiva. Agora é estranho que, à última da hora, mesmo na véspera da partida, se venha a tomar uma decisão destas", lamentou, procurando "acreditar que houve razões válidas para a organização tomar esta opção", apesar de sublinhar que não tem as informações todas para saber se a decisão foi a acertada.

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