13 mil negoceiam futuro do planeta
"Nem gravata, nem casaco." É este o código de vestuário para as mais de 13 mil pessoas, oriundas de 190 países, que vão participar em Bali na Convenção da ONU sobre as Alterações Climáticas.
Reunidos na ilha indonésia até ao dia 14, todos deverão aderir a este vestuário "descontraído" para poupar no ar condicionado, explicou à AFP o porta-voz da conferência, John Hay. É que em Bali estão 28 graus e a tarefa que espera os participantes promete ser árdua. A reunião pretende traçar os alicerces, até 2009, para um acordo de diminuição das emissões de gases com efeito de estufa, que deverá prolongar e alargar o Protocolo de Quioto.
O exemplo da moda a seguir foi dado pelo secretário-executivo da conferência. Yvo de Boper surgiu de camisa estampada numa conferência de imprensa em que explicou: "Temos pela frente duas semanas muito preenchidas que constituem uma ocasião para os governos darem uma resposta política às questões que a comunidade científica coloca."
Representantes técnicos, políticos, membros de organizações não governamentais e jornalistas vão participar na discussão sobre o que deverá ser o novo regime climático para o mundo. Numa cimeira à qual não faltarão as estrelas de Hollywood, sempre prontas a aliar-se a estas iniciativas, a discussão deverá centrar-se nos cenários dramáticos desencadeados pelas alterações climáticas. Mas as expectativas são baixas. O próprio De Boer disse ontem esperar que a convenção lance as negociações sobre o pós-Quioto e sirva para elaborar um road map com o calendário para a conclusão das negociações, que deverão estar fechadas em 2009.
Para tal, os delegados deverão encontrar a "fórmula mágica" que levará todos os países a assinarem o futuro acordo. China e EUA, dois dos maiores emissores de gases com efeito de estufa, por exemplo, recusaram ratificar Quioto. Mas o desafio em Bali estende-se também a convencer pequenos poluidores como algumas ilhas do Pacífico ou as nações da África subsariana. Nos últimos anos, as negociações sobre alterações climáticas têm sido bloqueadas por discussões sobre quem vai pagar a factura de uma tecnologia mais limpa. E a verdade é que nenhum país quer prejudicar a sua economia para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa, apesar dos alertas dos cientistas que garantem: o tempo está a esgotar-se.
A reunião de Bali decorrerá a dois níveis. Um segmento técnico onde os negociadores apresentarão propostas que funcionam como ponto de partida para as negociações. E um nível ministerial, nos últimos três dias, onde os políticos deliberarão sobre o que já foi discutido. Em cima da mesa não haverá um documento global, mas assuntos considerados chave que têm de ser lançados e sobre os quais os blocos de países defenderão as suas posições. Portugal negociará a 27 e parte de uma cartilha que é o mandato do Conselho Europeu do Ambiente, com uma visão muito consolidada do caminho a seguir.
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