Paquistão em estado de choque...
A morte da principal líder da oposição paquistanesa e ex-primeira-ministra Benazir Bhutto desencadeou uma onda de violência no país. Autocarros e carros incendiados em Lahore, no Leste, gás lacrimogéneo em Peshawar, no Nordeste, estradas bloqueadas em Karachi, no Sul, mortos, pelo menos 14, em várias províncias.Benazir, de 54 anos, a mulher que gostava de andar no meio do povo, faleceu depois de ser atingida a tiro no pescoço, segundo fontes policiais, na altura em que se preparava para abandonar o local do comício, um parque, na cidade de Rawalpindi.
"Toda a minha família se sacrificou por esta causa", disse no seu discurso, pedindo aos paquistaneses que a ajudassem a acabar de vez com os terroristas. A líder do Partido Popular do Paquistão (PPP) ainda foi levada para o hospital e, em vão, submetida a uma intervenção cirúrgica.
Acabaria por morrer, vítima dos ferimentos, às 18.16 locais (13.16 em Lisboa).
O autor do disparo, um homem não identificado, fez-se explodir em seguida, tirando a vida a pelo menos mais 20 pessoas, deixando feridas outras 56. As informações sobre as circunstâncias em que Benazir foi assassinada são, contudo, contraditórias. O conselheiro de segurança da ex-primeira-ministra, Rehman Malik, começou por garantir que fora atingida a tiro, na cabeça e no pescoço, quando se assomou pelo tejadilho do carro para acenar aos seus apoiantes. Caiu e, a seguir, ouviu-se a explosão do terrorista suicida.
O seu marido, Asif Ali Zardari, disse a um canal de televisão paquistanês que fora abatida depois do atentado. Não antes. "A explosão esfarrapou as roupas que as pessoas tinham vestidas. Vi-as a cair, cobertas de sangue, tentei ajudar e levei os feridos às ambulâncias.
Mas foi algo horrível de ver", contou Mohammed Haider, uma testemunha que o jornalista da AFP, Nasir Jaffry, encontrou no hospital de Rawalpindi.Três dias de luto nacionalO actual Chefe do Estado paquistanês, Pervez Musharraf, a quem Benazir criticava abertamente, sem receios, tal como fazia com os islamitas, declarou três dias de luto nacional em memória da sua opositora.
Na intervenção televisiva que fez Musharraf apelou à paz no Paquistão. Não deixou, porém, claro, se as legislativas poderão ser adiadas ou se o estado de emergência que impôs entre 3 de Novembro e 15 de Dezembro poderá regressar ao país. Ao longo das oito semanas em que vigorou Benazir pediu, várias vezes, que Musharraf abandonasse o poder. O mesmo apelo foi ontem repetido pelo líder do segundo maior partido da oposição, Nawaz Sharif, que também viu quatro apoiantes seus serem mortos a tiro num comício realizado em... Rawalpindi.
Antigo primeiro-ministro paquistanês, Sharif anunciou que o seu partido, a Liga Muçulmana do Paquistão (PML-N), tenciona boicotar as eleições do dia 8 de Janeiro e prometeu continuar com a guerra de Benazir. Apelou ainda a uma greve geral para hoje - como protesto pelo seu assassínio.Aos 54 anos Benazir esperava voltar a ocupar a chefia do Governo paquistanês após as legislativas.
Há 19 anos foi a primeira mulher a assumir o cargo de primeira-ministra num país muçulmano. "Ela morreu como uma mártir", disse Malik, também um dos líderes do partido fundado pelo pai de Benazir em 1967. "Estou muito triste. É como se tivesse perdido a minha própria irmã", confessou, à AFP, Zubeir Bachir, porta-voz do PPP para o Médio Oriente, numa altura em que se dirigia de carro para a residência familiar de Benazir no Dubai, onde ela passou grande parte dos oito anos de exílio.
Voltou ao Paquistão a 18 de Outubro e nesse mesmo dia sobreviveu a um atentado que matou 140 pessoas em Karachi. O corpo de Benazir deixou ontem o hospital de Rawalpindi rumo à sua terra natal, Larkana, no Sul do país. A saída do caixão de madeira, com um vidro que deixava ver parte do rosto, foi bastante caótica, com centenas de pessoas a querem despedir-se.
Fontes do seu partido indicaram que as cerimónias fúnebres começarão hoje e que a líder do PPP será enterrada no mausoléu da família - onde se encontra também o pai. O marido de Benazir já chegou ao Paquistão, vindo do Dubai, para participar na última homenagem à mãe dos seus três filhos.
ÚLTIMA HORA: Forças paramilitares com ordem para disparar!
Carachi, Paquistão, (28 Dez.)
As forças paramilitares paquistanesas receberam hoje ordem para disparar livremente contra manifestantes que provoquem tumultos na sequência do assassínio de Benazir Bhutto, anunciaram fontes oficiais.
"Os Rangers (forças paramilitares de apoio à polícia) receberam ordem para disparar se se aperceberem de indivíduos em actividades que coloquem em perigo a segurança do Estado, atacando os edifícios públicos ou a propriedade privada", referiu o comandante daquele corpo, Athar Ali.
As forças especiais enviaram 16.000 homens para a província de Sind, destacando 10.000 deles para Carachi.
O Paquistão vive cenas de violência provocadas pelos adeptos em fúria de Benazir Bhutto, a líder da oposição assassinada quinta-feira após um comício eleitoral.
A violência provocou até agora dez mortos, multiplicando-se os ataques dos partidários de Bhutto a instalações oficiais e dos partidos pró-governamentais.
O assassínio de Benazir Bhutto ocorreu a duas semanas das eleições legislativas de 8 de Janeiro, cuja data, para já se mantém, de acordo com o primeiro-ministro interino.
sexta-feira, 28 de dezembro de 2007
Paquistão em estado de choque!!
Postado por Fotógrafos Independentes - Algarve às 10:51
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