segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Quem foi Adriano Correia de Oliveira?





Dizem que era um grande amigo, atento aos outros. Que tinha uma voz única e que foi o primeiro. O melhor. O mais corajoso. Quem foi Adriano Correia de Oliveira?



Vinte e cinco anos após a sua morte, Adriano Correia de Oliveira parece estar mais vivo do que nunca. Artistas contemporâneos da sua época, amigos e jovens músicos revisitam o músico, trazendo à luz do dia uma obra desconhecida por muitos. No início de Setembro, a Festa do Avante homenageou Adriano, com uma exposição no Pavilhão Central da festa e um concerto de tributo. Na Sociedade Voz do Operário, em Lisboa, José Fanha, Carlos Paulo e Maria do Céu Guerra lêem esta semana poemas que Adriano Correia de Oliveira cantou. No mesmo local, decorrerá o espectáculo «25 Anos 25 Canções», que contará com a presença, entre outros, de Amélia Muge, Fausto, Fernando Tordo, Brigada Victor Jara, Janita Salomé, Luís Represas, Pedro Abrunhosa, Paulo Carvalho e um grupo de guitarra e cantares de Coimbra. Este ano saiu ainda o disco «Cantaremos Adriano», protagonizado por um grupo de sete músicos portugueses de diferentes projectos musicais. Adriano Correia de Oliveira chegou a Coimbra em 1959. Com apenas 17 anos, o destino era o curso de Direito, formação que iria rapidamente ficar em segundo plano: Adriano ingressou em vários organismos culturais e desportivos da Associação Académica de Coimbra, foi solista no Orfeão de Coimbra, fazia parte de um grupo de teatro e jogava voleibol. O jovem natural de Avintes e de uma família tradicionalista católica encontrou em Coimbra um apetecível reboliço contestatário e idealista. No início da década de 60, Adriano torna-se militante do Partido Comunista Português.
O primeiro disco sai em 1963, intitulado «Fados de Coimbra», que incluía já o tema emblemático «Trova do Vento que passa», um poema de Manuel Alegre, e que Adriano regravaria mais tarde. «Foi o primeiro que cantou os versos proibidos», recorda Manuel Alegre no documentário que acompanha o tributo «Aqui e Agora», lançado hoje pela editora Movieplay. Quando faltava apenas uma cadeira para terminar o curso de Direito em Coimbra, Adriano ruma a Lisboa. Casa-se em Outubro de 1966 e passa a trabalhar no Gabinete de Imprensa da FIL, tendo sido ainda produtor da revista Orfeu.
Em 1969 é lançado um dos seus discos mais marcantes: «O Canto e as Armas», um álbum em que a figura central é a obra do poeta Manuel Alegre. O mesmo que diz de Adriano: «Penso que ele foi o mais corajoso de todos. Ninguém teve a coragem e a importância que ele teve naquela altura». Seguiram-se os álbuns «Cantaremos» (1970) e «Gente Daqui e de Agora» (1971), este último com José Niza como principal compositor. Após a revolução de Abril, Adriano dedicar-se-ia exclusivamente à música. Só quatro anos depois Adriano decide lançar novo registo: até então, recusava-se a enviar os seus textos ao lápis da censura. Em 1975 lança «Que nunca mais», um disco com direcção musical de Fausto e textos de Manuel da Fonseca, e com o qual Adriano foi eleito «Artista do Ano» pela revista britânica Music Week. O derradeiro álbum sai em 1980, intitulado «Cantigas Portuguesas». Dois anos depois, Adriano Correia de Oliveira falecia, com apenas 40 anos, devido a uma hemorragia esofágica. O seu legado vive ainda hoje: «Foi alguém que mudou as nossas vidas», assegura Manuel Alegre. «Mesmo daqueles que não conheceram ou não conhecem a sua obra».

Um comentário:

Anônimo disse...

gvfkligk