A Guerra do Gás Canalizado...
A guerra vai ser renhida e o vencedor imprevisível. Em reacção à chegada do gás natural a Faro, a empresa de distribuição de propano canalizado Gascan tem pedido às administrações dos prédios para a deixar levar os seus argumentos aos condóminos.
A Gascan não quer perder os quase cinco mil clientes que tem na capital do Algarve, nem os 30 mil que tem no Algarve, devido à expansão da “menina dos olhos” do Estado, que até aqui só estava em Olhão e Portimão.
“Em Faro já temos a certeza que há muitos prédios que decidiram não mudar para o gás natural”, disse recentemente o administrador-delegado da Gascan, José Megre Pires, reconhecendo todavia que “será natural” a mudança de alguns consumidores para o gás argelino, à semelhança do que tem acontecido por todo o País.
Desde finais de Setembro que o gás natural chegou a Faro, onde já abastece alguns domicílios da zona do Bom João, e a empresa Medigás, do grupo Galp, espera ter até ao fim de 2008 cerca de 750 novos clientes domésticos, 50 terciários e algumas indústrias.
No tabuleiro deste xadrez do gás canalizado há um terceiro jogador, a Rolear, que preferiu não adiantar qual a sua estratégia para os próximos tempos.
No Algarve, a Gascan conta com 30 mil clientes, de Vila do Bispo a Vila Real de Santo António, o que denota um crescimento exponencial desde que, em 1993, a empresa veio para a região, comprando uma pequena rede à BP, então com pouco mais de 2 mil clientes.
A decisão de acolher ou não o gás natural é da responsabilidade do consumidor, mas nos prédios – forma dominante de habitação nas cidades - as escolhas individuais contam pouco, já que a opção tem que ser tomada pela maioria dos condóminos.
A explicação reside na existência de apenas uma coluna montante (uma conduta vertical de gás) em cada edifício e nos preços proibitivos que atinge a construção de uma coluna “paralela”, pelo que a opção de cada prédio tem que ser exclusiva: ou propano ou gás natural.
Tal como tem feito noutros pontos do País onde o gás natural vai chegando, a Gascan está a enviar cartas para as administrações dos prédios em que solicita que um seu representante explique, em assembleia-geral, quais as vantagens do propano.
“Tem havido situações em que, lado a lado com um representante do gás natural, esgrimimos os nossos argumentos”, afirmou o administrador-delegado da empresa, que garante que as perdas, depois das explicações, não são tantas como se poderia pensar.
A Gascan reclama que, dos 74 mil clientes ligados – a que acrescenta 30 a 40 mil “na calha” – só perdeu 4.500 para o gás natural, a maioria deles em Lisboa e no Porto.
“Uma vez ouvidos os argumentos, muitos clientes optam por continuar connosco”, jura José Megre Pinto. Contudo, apesar de protestar contra as armas desiguais relativamente ao gás natural, assevera que a empresa tem uma estratégia pela positiva: “Preferimos falar bem de nós do que mal dos outros”, sublinha.
De acordo com o departamento de comunicação da Galp Energia, o gás natural em Faro já tem 165 clientes terciários, 300 domésticos e mais 280 potenciais clientes, que ainda não assinaram contrato.
A empresa prevê para os próximos meses a assinatura de contratos que permitam o abastecimento do Hospital de Faro, piscinas municipais, Universidade, Escola de Hotelaria e Turismo e vários hotéis.
(João Prudêncio)
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