quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Ameaça britânica contra Mugabe!


UE/Presidência: Gordon Brown ameaça boicotar cimeira UE/África se Mugabe vier a Lisboa






O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, ameaçou hoje boicotar a próxima cimeira UE-África, marcada para Dezembro, em Lisboa, se o presidente zimbabuano, Robert Mugabe, proibido de entrar na Europa, participar no evento...

A realização de uma II Cimeira entre a União Europeia e África é uma das principais prioridades da presidência portuguesa da UE. A intransigência do Reino Unido gerou um impasse difícil de ultrapassar diplomaticamente por Lisboa: Londres exige a solidariedade dos seus pareceiros europeus e a União Africana exige que todos os chefes de Estado africanos participem na cimeira.
Clara Borja, porta-voz da presidência portuguesa da União europeia, limitou-se hoje a uma reacção lacónica: "Continuamos a trabalhar para que esta cimeira seja um sucesso. A questão dos convidados sera estudada a seu tempo".
No conselho europeu de Junho, em Bruxelas, Luís Amado disse esperar que o presidente do Zimbabué não participe na Cimeira, considerando Robert Mugabe um «factor de perturbação» da reunião, marcada para 08 e 09 de Dezembro, apesar de compreender a posição africana de que todos devem ser convidados.
«Pessoalmente não tenho nenhum interesse em que o senhor Mugabe esteja em Lisboa», disse o chefe da diplomacia portuguesa no final de uma reunião dos 27 em que foi preparada a Cimeira de chefes de Estado e de Governo da UE.
Luís Amado recordou que os 27 têm um quadro de sanções contra o Zimbabué por causa da falta de respeito pelos Direitos Humanos por parte deste país.
O chefe da diplomacia portuguesa considerou as sanções contra o Zimbabué como «uma questão de princípio para a UE», assim como também «é uma posição de princípio para a União Africana que todos os chefes de estado da sua organização sejam convidados».
Na ocasião, o líder da oposição do Zimbabué, Morgan Tsvangirai, aprovou a posição do governo português de «desinteresse» na presença de Robert Mugabe na cimeira UE-África, embora tenha manifestado o desejo que o encontro se realize.
"Nós apreciamos essa posição. É uma posição de princípio", afirmou Tsvangirai à Agência Lusa, no final de uma conferência de imprensa que o presidente do Movimento para a Mudança Democrática (MDC) deu na capital britânica em Junho.
"Por outro lado, é triste que, para a cimeira avançar, o senhor Mugabe tenha de estar presente. Por que é que não se pode realizar sem ele? A minha opinião é que deve realizar-se porque existem questões mais amplas entre a UE e África que têm de ser tratadas urgentemente", observou.
O Ministro dos Negócios Estrangeiros do Gana, Akwasi Asei-Adjei, afirmou em 12 de Setembro, em Lisboa, acreditar que a cimeira UE/África, na capital portuguesa, se realizará com "todos os membros da União Africana".

Em conferência de imprensa conjunta, após um encontro dos chefes da diplomacia dos dois blocos - União Europeia (UE) e União Africana (UA) - Akwasi Asei-Adjei disse ser altura de a Europa tentar "compreender África".
Nesse sentido, Amado anunciou que à margem da Assembleia-Geral das Nações Unidas, que começa a 25 de Setembro, em Nova Iorque, a questão será discutida entre as duas partes.
"Temos por isso a responsabilidade de trabalhar em conjunto durante esse período na preparação do relacionamento entre a UE e a UA", frisou.
Em princípio - adiantou - o documento de estratégia conjunto deverá ser aprovado em Accra, a 31 de Outubro, numa reunião entre as troikas da UE e da UA, disse, frisando contudo haver muito trabalho a fazer nos próximos meses.
«Não há liberdade no Zimbabué, não há liberdade de associação, não há liberdade de imprensa", escreveu hoje Gordon Brown numa crónica no diário The Independent, sublinhando que devia "esclarecer a sua posição" antes da segunda cimeira UE-África.
"A presença do presidente Mugabe significaria um levantamento da proibição de entrada que nós decidimos colectivamente. Creio que a sua presença vai minar a cimeira, desviar a atenção dos problemas importantes que devem ser resolvidos", afirmou.

"Nessas circunstâncias a minha presença não seria apropriada", disse Brown, na sua primeira declaração sobre a situação no Zimbabué desde que assumiu a chefia do governo em 27 de Junho.

A Grã-Bretanha vai «garantir que a UE manterá as suas sancções contra os 131 altos dirigentes (do Zimbabué), incluíndo o presidente Mugabe, que não respeitam os direitos do Homem», acrescenta Brown que deverá tentar congregar outros países a este boicote durante a cimeira europeia de 18 e 19 de Outubro em Lisboa.

Por seu lado, o vice-ministro zimbabuano Bright Matonga disse que "Brown perdia o seu tempo". "O presidente Mugabe foi convidado e irá a Lisboa como representante do Zimbabué quer Gordon Brown esteja presente ou não".

A organização militante «Action for Southern Africa (ACTSA)» saudou a "atitude firme" dos Britânicos, mas o deputado europeu português Paulo Casaca acusou Brown de ter "dois pesos e duas medidas" porque a Grã-Bretanha não boicotou a cimeira UE-Asean este ano apesar da presença do ministro dos Negócios Estrangeiros da Birmânia, cujos dirigentes estão proibidos de entrar na Europa.
A UE tem em vigor sanções contra o regime de Mugabe desde Fevereiro de 2002: proibição de vistos, congelamento de activos e embargo ao fornecimento de armas, principalmente dirigidas contra os responsáveis governamentais e altos funcionários do país.
Os chefes de Estado e Governo da UE reunidos em Dezembro, em Bruxelas, apoiaram a realização da segunda Cimeira UE/África no segundo semestre de 2007, em Portugal.
A primeira Cimeira UE/África teve lugar em Abril de 2000, no Cairo, durante a anterior presidência portuguesa da UE e por iniciativa desta.
Robert Mugabe, que ocupa a presidência do Zimbabué(ex-Rodésia) desde 1980, foi investido em Abril pelo seu partido para a reeleição a um novo mandato presidencial em 2008.

20.Set.2007

Um comentário:

Anônimo disse...

nice post. thanks.