domingo, 16 de março de 2008

Escuteiros espanhóis acusados de homicidio...


Escuteiros espanhóis acusados de homicídio!

Processo corre no tribunal de Sesimbra

O Ministério Público (MP) do Tribunal de Sesimbra deduziu acusação contra cinco escuteiros espanhóis, membros da uma associação de escuteiros de Madrid, - a Asociación Grupo Scout Luján 102 - imputando-lhes um crime de homicídio por negligência grosseira pela morte de uma criança de 13 anos, obrigada a caminhar debaixo do sol e quase sem água, em Agosto, em plena serra da Arrábida.
Diego Amador morreu no dia 4 de Agosto de 2005, durante uma caminhada de cerca de oito quilómetros entre a praia da Foz e a praia da Ribeira do Cavalo, em Sesimbra - percurso integrado num raid de três dias, com cerca de 50 quilómetros no total, sendo a rota Albufeira, Cabo Espichel, Sesimbra e daí para o acampamento de Vila Nogueira de Azeitão, onde aquele grupo de escuteiros de Madrid estava instalado.
Segundo o MP, a morte resultou do "desenvolvimento de um quadro de exaustão física associada à exposição ao calor", e não por morte súbita, como se chegou a pensar, tendo os responsáveis "agido com desrespeito pelas mais elementares regras de prudência".
As crianças foram obrigadas a caminhar debaixo do sol e quase sem água. Algumas, praticamente desidratadas, foram socorridas por populares, refere o MP.Esta acusação judicial surge, agora, graças ao empenho do pai do Diego, Enrique Amador, que nunca se conformou com o arquivamento do processo, em 2006.
O magistrado do MP, com base apenas no relatório da autópsia, tinha concluído, à época, que se tratou de morte súbita, considerando não haver matéria criminal para imputar a alguém.
Inconformado, Enrique Amador, um engenheiro informático de Madrid, procurou a sociedade de advogados PLMJ, tendo os advogados João Medeiros e Ana Grosso Alves solicitado ao MP a reavaliação da decisão. O processo foi reaberto. A magistrada que tomou conta do caso, através de cartas rogatórias para Madrid, começou então a interrogar os jovens, assim como os cinco responsáveis que os acompanharam.
Afinal, não é claro que Diego tenha morrido de morte súbita, concluiu agora o MP de Sesimbra. Dois dias antes daquela caminhada, a criança magoara-se num pé, chegando mesmo a ser assistida no hospital de Setúbal, e estava medicada com paracetamol. Naquele dia 4 de Agosto, o grupo de 24 miúdos, começou uma caminhada às oito da manhã desde a praia da Foz até à Ribeira do Cavalo, em Sesimbra.Pelas 11 horas, alguns dos jovens começaram a sentir-se mal. Eram poucas as sombras, assim como a água.
Diego integrava um grupo que ficara um pouco para trás e, por volta das 13.00, começou a sentir dores de cabeça, dando sinais de desfalecimento. Só pelas 15.00 é que foram chamados os bombeiros, que chegaram meia hora mais tarde.
Como o local era de difícil acesso, foi necessário o helicóptero do INEM, que chegou pelas 17.00. Diego morreu a caminho do hospital. Segundo o MP, os acusados, que eram os responsáveis pelo acampamento, com as suas condutas omissivas criaram um risco que determinou a morte da criança.

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