sábado, 22 de março de 2008

Centena de pessoas protesta contra construção da Barragem de Almourol


Abrantes: Centena de pessoas protesta contra construção da Barragem de Almourol

Cerca de 100 pessoas manifestaram-se hoje no Rossio ao Sul do Tejo contra a construção da denominada Barragem do Almourol, numa iniciativa promovida pelo "Movimento Anti-Barragem".

O movimento popular realizou hoje nesta freguesia ribeirinha do concelho de Abrantes uma sessão de esclarecimento sobre os impactos resultantes da eventual construção da Barragem de Almourol na região tendo convidado para o efeito João Joanaz de Melo, professor auxiliar da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa (FCT) e do Grupo de Estudo do Ordenamento do Território e Ambiente (GEOTA), que se mostrou bastante crítico relativamente a todo o Plano Nacional de Barragens(PNB).

"Efectivamente não existe uma política energética em Portugal, o que existe é um vontade enorme de agradar aos lobbies da construção civil", defendeu, salientando que "é mentira que este Plano Nacional de Barragens seja importante para o país porque ele não vem resolver problema algum".

"Enquanto se entretêm a construir dez barragens que vão causar impactos negativos profundos e irreversíveis nas margens e solos ribeirinhos, vão também estragar dez rios a troco de nada impedindo, entretanto, que se faça algo sério", disse.

João Joanaz de Melo disse à Lusa que o Plano Nacional de Barragens "não resolve problema nenhum porque as dez barragens juntas só vão produzir 3 por cento da energia que se consome em Portugal, sendo a taxa de crescimento anual de consumo de 4 por cento".

"Se em 9 meses o investimento desaparece não vejo que exista alguma virtude neste plano", afirmou.

O ambientalista disse ainda que este projecto "foi feito em cima do joelho uma vez que não foram avaliadas alternativas nem impactes cumulativos, não são preservadas as espécies e a biodiversidade, vai destruir os habitats ripícolas e o turismo de natureza e colocar em risco a segurança e bem estar das populações".

"Este projecto é uma falácia que urge desmontar rapidamente porque não tem outra virtude que não seja dar emprego à construção civil", disse João Joanaz, que considera que "o Governo só voltará atrás com este plano se o povo se mobilizar e disser alto e bom som que não quer que se faça a barragem de Almourol, nem quer que se faça barragem alguma das dez anunciadas".

O ambientalista apontou ainda para a necessidade de existir uma política energética "séria", referindo que as alternativas "passam pela melhoria da eficiência energética e pelas fileiras da energia solar, biomassa, geotérmica, eólica e ondas".

"Todas estas opções têm um potencial energético elevado ou muito elevado ao passo que o recurso às hídricas não passa de um potencial médio ou médio baixo", afirmou.

O porta-voz do "Movimento Anti-Barragem", Joaquim Mendes, revelou à Lusa que esta iniciativa tinha como objectivo "informar e esclarecer a população" das consequências da construção de uma barragem afirmando que esses objectivos "foram alcançados e superados".

Joaquim Mendes ficou "agradavelmente surpreendido" pela presença na sessão de cerca de uma centena de habitantes que "puderam ficar a saber algo mais sobre o processo uma vez que tem sido notória a falta de informação, o que se tem traduzido num alheamento por parte da população".

Tendo convidado "para um avalizado esclarecimento à população", Grupos Parlamentares, autarcas e todas as autoridades relacionadas com a matéria, apenas os autarcas das freguesias ribeirinhas de Rossio e Rio de Moinhos, discordantes da construção da barragem, responderam positivamente ao convite.

O objectivo para o futuro é "continuar a elucidar as populações para os graves prejuízos resultantes da eventual construção da barragem de Almourol e para reunir informação e estudos para, na altura própria, poder fazer a contestação ao estudo de impacto ambiental, actualmente em elaboração".

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