terça-feira, 8 de abril de 2008

Tavira quer ter "astrotel" de muitas estrelas...



Tavira quer ter “astrotel” de muitas estrelas

É um novo conceito que está na calha: um astrotel de cinco ou seis estrelas, com vista privilegiada para o céu único de Tavira. O projecto é do Observatório Astronómico de Tavira, aqui revelado no Dia Mundial da Astronomia.

É a nova “menina dos olhos” do casal Jackson, Gloria e Clive, amantes da astronomia, que há uma década fundaram a Casa de Estudos para Astronomia (CDEPA), no sítio do Malhão, um local privilegiado que polvilharam de telescópios, planetários, círculos de pedras e outras estruturas, para aproveitar o manto negro, quase único na Europa, de que dali se desfruta.

Dez telescópios e vários planetários depois, o casal quer agora estabelecer no local um astro-hotel (ou astrotel) de luxo – com muitas estrelas para fazer jus ao nome -, que finalmente consiga dar vazão aos inúmeros pedidos de alojamento que recebem de várias partes do mundo.

Conhecidos como entusiastas da astronomia mas também enquanto detentores de um conjunto de infra-estruturas único para a observação do céu e para o ensinamento dos segredos do Universo, Gloria e Clive lamentam a actual falta de estruturas hoteleiras que cheguem para as solicitações de várias partes do mundo.

“Actualmente temos apenas sete quartos, que gerimos de uma forma algo despreocupada, porque temos muito que fazer e a hotelaria não é o nosso ramo principal”, justifica a brasileira Gloria Jackson, que veio para Portugal há 15 anos com o marido, de origem britânica, e inicialmente se entusiasmaram pelo astro-turismo mas depois diversificaram a actividade, sempre em torno da astronomia.

Encontrado um parceiro para o financiamento e gestão do astrotel, uma empresa portuguesa cuja identidade o casal prefere não revelar ainda, aguarda-se agora a resposta do Instituto do Turismo ao pedido de viabilidade apresentado há seis meses, de que depende o futuro da unidade.

“É um espaço temático com hotelaria e spa, que pode ajudar a diminuir a sazonalidade da oferta turística algarvia”, explica Gloria, sublinhando que a nova estrutura, a ser aprovada, finalmente vai permitir dar despacho aos pedidos que chegam de cientistas, clubes de astronomia e astrofísica, universidades e curiosos de todo o mundo.

“Quando aqui chegam, olham para o céu e ficam logo apaixonados”, assevera Gloria, que não se queixa de não ter as luzes da civilização próximas do local em que habita, pois a luz artificial é inimiga da observação astronómica e a escuridão do céu estrelado é precisamente a mais-valia da vila CDEPA.

Um planetário digital com 9 metros de diâmetro

O novo espaço temático de alojamento terá um mínimo de 66 camas (em 36 quartos) e um máximo de 180 quartos, piscina, spa e estruturas de conhecimento e observação astronómica.
Actualmente dedicados em grande parte a receber os alunos das escolas, em quem muitas vezes conseguem vislumbrar o brilho no olhar típico de quem descobre a magia, os dois entusiastas já conseguiram outros feitos, alguns deles internacionais.

No verão de 2005, por exemplo, acolheram na quinta o “Space Camp”, I Campo de Férias da Agência Espacial Europeia, que transportou até Tavira cerca de 200 crianças, filhos dos trabalhadores e cientistas da Agência Espacial Europeia.

Subordinado ao tema “Da navegação marítima até à navegação espacial”, o acampamento levou à vila CDEPA um astronauta e o ministro Mariano Gago e teve o condão de fazer rentabilizar os telescópios e fazer nascer mini-planetários um pouco por todo o terreno.

Até Junho deste ano, o Observatório terá o seu primeiro planetário digital, de nove metros de diâmetro, no qual poderão ser vistos filmes. Uma viagem ao passado histórico de Tavira é um dos filmes previstos, mas a exploração espacial não estará ausente das “estreias” futuras.

A actual coqueluche do Observatório é o telescópio de 20 polegadas, que se encontra dentro de uma câmara, a que se junta um outro, de 12 polegadas, totalmente robotizado.

Vocacionados sobretudo para trabalhar com grupos organizados, os Jackson aceitam reservas para “noites estreladas” – que podem incluir jantar - que prometem ser inesquecíveis, sob o manto negro do céu de Tavira, polvilhado de planetas, estrelas e galáxias.

As explicações do “astrónomo residente”, Clive Jackson, estão incluídas no menu.

(João Prudêncio )

Nenhum comentário: