quinta-feira, 22 de maio de 2008

Furtam cheques das cartas e abrem contas a sem-abrigo...

Furtam cheques das cartas e abrem contas a sem-abrigo!

Bancos aceitam os cheques com os endossos falsos

Gangs organizados estão a atacar as cartas do correio quando suspeitam que no seu interior seguem cheques. Em seguida, depositam-nos com endossos falsos, recorrendo, na maior parte das vezes, a contas abertas por indigentes que dormem na rua, alguns deles estrangeiros, que desaparecem depois de a organização aceder ao dinheiro. Banco de Portugal, Associação Portuguesa de Seguros, o Instituto de Seguros de Portugal e a Polícia Judiciária (PJ) estão em alerta, e os bancos começaram a avisar os clientes para que evitem o envio de cheques pelo correio. As autoridades policiais já receberam milhares de queixas e estimam que este tipo de burla envolva vária associações criminosas. Os CTT, ao DN, recordam que é proibido o envio de valores por carta normal.

Foram vítimas deste crime organizado, entre muitos outros, os proprietários do restaurante O Pinóquio, na Baixa de Lisboa. Em Fevereiro emitiram dois cheques traçados, de 2014 euros e de 1908 euros, à ordem da sociedade comercial Gualter Mariscos. O dinheiro foi sacado, mas a empresa fornecedora reclamava o pagamento. Contactada a entidade bancária, verificou-se que os cheques tinham sido interceptados e depositados noutra entidade bancária, com um endosso falso, e sugestivo: Gualter Mariscos. Não se tratando de um carimbo, seria fácil verificar que se tratava de um nome falso. Mas, mesmo assim, o depósito foi realizado e, dias mais tarde, o dinheiro levantado.

A mesma sociedade comercial emitiu um outro cheque traçado, de 2023 euros, à ordem de uma sociedade de vinhos denominada Vinalda S.A. Teve o mesmo destino, e com um endosso falso também sugestivo: Vinaldo Silva. Ou seja, o funcionário bancário nem reparou que Vinalda era a destinatária do cheque, e quem o endossou foi o Vinaldo.

Aconteceu o mesmo a três cheques, num valor total de 12 mil euros, emitidos por uma empresa de estudos e projectos. Um deles destinava--se a uma empresa denominada Galante. O burlão que o depositou endossou-o com uma assinatura caricata: Agostin Galante da Silva. O funcionário bancário não reparou.

Este dois casos têm em comum o facto de se tratar de cheques do Millenium bcp que foram depositados no BES. Mas, ao que o DN apurou, este tipo de burla e falsificação de documentos está a afectar todas as entidades bancárias. Os burlões actuam, alegadamente, em associação criminosa, usando, na maior parte dos casos, contas abertas por indigentes que, por isso, recebem uma comissão. Entretanto, desaparecem. Não se sabe se definitivamente, se para parte incerta.

As investigações estão a decorrer numa estreita colaboração entre a PJ e as instituições bancárias. Entretanto, os lesados ficaram mesmo sem o dinheiro. Ninguém se responsabiliza. Nem os órgãos de polícia prestam qualquer esclarecimento.

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