segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Lince Ibérico pode ser utopia…


Lince Ibérico pode ser utopia…





O felino mais ameaçado do mundo vai voltar

ao Algarve ainda antes do final deste ano,

mas o futuro pode não ser tão risonho quanto

parece.

Actualmente apenas existem cerca de 200 espécimes na zona da Andaluzia, números que não são nada abonatórios para a continuidade destes felinos. Precisamente desta zona de Espanha, do Parque Doñana, em Huelva, será de onde virão os primeiros habitantes do novo centro de reprodução algarvio.

Desaparecido da região algarvia (o último alegado avistamento foi em 1997), o Lince Ibérico tem sido alvo de algumas acções de associações governamentais, e não governamentais, na tentativa de ser ‘ressuscitado’.

A empresa Águas do Algarve anunciou que a obra do novo Centro Nacional de Reprodução em Cativeiro do Lince Ibérico - a construir no concelho de Silves - foi adjudicada à empresa de construções H. Hagen, S.A, por um valor de 3.7 milhões de euros.

A data estipulada da conclusão da obra é até ao final deste ano e, se tudo correr bem, os primeiros linces ‘algarvios’ poderão ser lançados, para o seu meio natural, no decorrer do ano de 2011.

Centro ‘high-tech’

O novo centro reprodutivo do Lince Ibérico terá como primeiros habitantes 16 linces com idades compreendidas entre os seis meses e dois anos, que vão ter todas as condições para serem os novos Adão e Eva da espécie algarvia.

Para nada correr mal na adaptação, estará à disposição dos felinos um vasto leque de equipamentos e espaços que consiste em dois complexos (dos reprodutores e de quarentenas) com uma clínica; um laboratório; uma instalação para presas vivas; um centro de coordenação com videovigilância e um edifício de cria artificial.

No entanto, João Ministro, da Almargem, aponta para outro cenário, não tão sorridente: “A iniciativa é de louvar e espero que tudo funcione, mas não me parece é que dentro desse espaço de tempo tenhamos os linces a viver no seu meio natural”, avança, receando que esta obra seja “uma fachada”.

Para João Ministro são precisos 60 espécimes para poderem ser lançados na natureza e adianta que em Espanha, “onde há melhores condições”, foram precisos cinco anos para criarem 30 linces, logo, o número necessário no Algarve só será alcançado “dentro de umas dezenas de anos”.

“Durante este tempo todo, o Governo nunca teve nenhuma iniciativa e nem sequer fez muito para evitar a sua extinção no Algarve”, avança, ressalvando que é preciso uma envolvência ambiental mais abrangente, como aumentar o número de coelhos bravos (um dos principais modos de subsistência dos linces) e fazer uma melhor gestão de zonas de caça.

“Acredito que temos mais possibilidade de ter linces no Algarve vindos de forma natural da Serra Morena [sul de Espanha], que é onde eles estão no seu habitat natural, e é aqui que deviamos apostar”, finaliza.

(in "Observatório do Algarve)

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