Guizos com dupla estreia neste mês do Teatro
Integrado no Festival T – Festival Internacional do Teatro de Albufeira, o Grupo Os Guizos apresentam duas estreias neste mês dedicado ao Teatro. O Festival T é uma organização conjunta d’Os Guizos e Grupo Cénico Quatro Ventos, com o apoio da Câmara Municipal de Albufeira e Centro Comunitário de Paderne.
Uma das peças, dirigida ao público com mais de 12 anos, é Dulce, a doce - ou a impossibilidade do teatro. Trata-se de um monólogo “didáctico”, com regras e excepções, onde o processo do fazer teatro é constantemente posto em causa por uma velha actriz, assim como todos os elementos que integram um trabalho dramático.
Dulce, a doce, rodeia-se de bonecos para renascer através deles em cada acto, parecendo querer reinventar também a própria arte do teatro e o conceito de actor e de encenador. É que quer a memória de Dulce, quer a do teatro, estão mortas - e ela vê-se na eminência do esvaziamento das paixões.
De todos esses bonecos - e marionetas feitas de panos sujos e ensanguentados -, há um que se destaca. Parece ser a figura da encenadora de Dulce, como se se tratasse da “imagem degenerada de um Deus”, mas que também pode ser a sombra que sempre perseguiu a actriz. Por isso, Dulce, a doce, cometeu um crime. Um monólogo a não perder, que promete revelar um novo talento ao nível da interpretação cénica.
A estreia está marcada para 25 de Março, no Auditório Municipal de Albufeira, às 21h30; repete a 5 de Abril no Centro Comunitário de Paderne, à mesma hora. Conta com texto e encenação de Luísa Monteiro e interpretação de Inês Colaço.
A outra peça é O Pastorinho amoroso – Fernando Pessoa para crianças. Encenado como se fosse um jogo dramático onde se espelha a divinização da infância, não faltam ovelhinhas, guizos e balões pelo palco. O guardador do rebanho revela-se um verdadeiro apreciador de caramelos.
A ideia de elaborar com versos dos heterónimos pessoanos um texto dramático onde eles surjam no seu estado de crianças, surgiu pelo facto de Caeiro ser o “menino-mestre” de Pessoa e Mestre de Campos e de Reis; por outro, resulta da abundância de referências à infância em toda a obra de Fernando Pessoa.
Quatro actores dão corpo ora ao rebanho, ora aos heterónimos pessoanos na versão da infância. Mas Fernando Pessoa também aparece para anunciar gelados, chocolates e outras iguarias de “confeitaria” (o equivalente a todas as religiões do mundo).
A Oféliazinha também por lá anda, mas sob a forma de ovelhinha cor-de-rosa. Como se sabe, por não suportar assumir a sua própria imagem é que Pessoa se fazia representar junto de Ofélia ora por essa máscara da infância a que chamava Íbis, bonito, feliz e sorridente, ora pelo Engenheiro Álvaro de Campos, que, apesar de ser fisicamente parecido com Pessoa, disfarçava a sua timidez sob uma máscara de desinibida arrogância.
A encenação e dramaturgia está a cargo de Luísa Monteiro a partir de textos de Fernando Pessoa, Ricardo Reis, Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Teresa Rita Lopes, e conta com as interpretações de Isabel Carvalho, Isabel Machadinho, Inês Colaço e Miguel Martinho. Para ver, nas tardes dos Domingos de 30 de Março (Auditório Municipal de Albufeira) e 6 de Abril (Centro Comunitário de Paderne), a partir das 15h30.
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