Delícias de caça na serra de TAVIRA!
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Na pequena aldeia de Cachopo, no coração da serra, quem gosta de caça pode matar… saudades. No restaurante Charrua, coelho bravo, javali e veado são alguns dos pitéus que esperam os forasteiros. Mas não faltam os bem serranos galo velho e cozido de feijão com couve à algarvia.
A casa está em nome do marido, Gilberto, 39 anos, mas é Irene Gonçalves, um ano mais velha, quem fica ao leme de tachos, panelas e até das mesas, como anfitriã que gosta de bem receber quem a procura.
Há 26 anos que, logo na primeira curva do Cachopo – para quem vai de Faro, a 52 quilómetros de distância -, o Charrua lá está, atento a quem vai de longe – e são muitos – e por ali queira aliviar as dores e o stress de uma semana de trabalho na cidade grande.
“Temos clientes certos de Lisboa e do Porto, mas também de todos os sítios do Algarve”, jura a cozinheira Irene, com a tampa do tacho na mão, receptáculo onde acabou de estufar o javali, que à semelhança do veado ali chega de uma reserva perto de Mértola.
Já que os preços são módicos – com quaisquer 15 euros, bom vinho e sobremesa incluídos, já se atesta a barriga –, para o cliente reserva-se outro tipo de exigência, aliás compreensível: a de que telefone a marcar, pelo menos na véspera, se o pedido for de caça.
Depois, há que saborear os estufados de javali, veado ou coelho bravo, que podem acompanhar com batatas fritas caseiras e uma farta salada de alface (nesta época do ano), num dos 114 lugares à disposição da clientela, num espaço amplo decorado com adereços de tradição serrana, à base de funis, arados, pás, cangalhas e até chapéus algarvios.
Quem não for em caças, pode ficar-se pela açorda de galo velho, o ensopado de borrego, o cozido de feijão com couve ou as migas com entrecosto de porco preto, ementas a que se juntam os mais triviais pratos de bifes, febras e costeletas grelhados, além do inefável bacalhau, também passado a grelha.
No final, os doces não abundam mas são agradáveis, de mousses a arroz doce, passando pela pêra bêbeda.
Depois disto tudo, só se recomenda suavidade na condução, tanto com destino à esquerda como à direita, que há muita curva a vencer até ao Barranco do Velho (a poente) ou Martinlongo (a nascente). Se decidir a terceira via e começar a descer os 40 quilómetros até Tavira, tenha cuidados redobrados, que a serra tem tanto de encantadora como de perigosa.
Para encomendas, os telefones são os 918 465 789/3. Abertos todos os dias da semana. Pagamentos só em dinheiro ou cheque.
(João Prudêncio)
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