Ministra anunciou sete mil avaliações impossíveis
Os professores contratados que cumpram seis meses numa escola e que entretanto deixem de dar aulas sem serem avaliados podem ficar sem os seus contratos de trabalho renovados, o que pode abranger os sete mil professores que a ministra da Educação garantiu à SIC estarem em condições de ser avaliados já neste ano lectivo. O aviso é lançado pelos sindicatos da educação, que afirmam ser este mais um exemplo da precipitação da entrada em vigor do processo de avaliação por parte do Ministério.
Os professores contratados que cumpram seis meses numa escola e que entretanto deixem de dar aulas sem serem avaliados podem ficar sem os seus contratos de trabalho renovados, o que pode abranger os sete mil professores que a ministra da Educação garantiu à SIC estarem em condições de ser avaliados já neste ano lectivo. O aviso é lançado pelos sindicatos da educação, que afirmam ser este mais um exemplo da precipitação da entrada em vigor do processo de avaliação por parte do Ministério.
O secretário-geral da Fenprof lembra mesmo que os sete mil professores que a ministra Maria de Lurdes Rodrigues referiu sábado no Jornal da Noite estarem em condições de serem avaliados são docentes contratados, que nunca poderão ter a sua avaliação concluída de imediato, por este ser um processo que demora dois anos. Segundo Mário Nogueira, além de colocar em causa as renovações dos contratos dos professores contratados, a avaliação dos docentes apresenta outras graves injustiças. "Não faz sentido nenhum que se avalie o desempenho de um ano inteiro apenas em três meses, o que só vem provar que este é um processo precipitado", argumenta Mário Nogueira, que acusa a ministra da Educação de confundir avaliação, que decorre durante dois anos, com classificação.
Na fase da negociação do processo de avaliação dos docentes entre o Ministério da Educação e os sindicatos, ficou estabelecido que um professor terá de dar um mínimo de seis meses de aulas num mesmo estabelecimento de ensino. O objectivo da medida é, por um lado, o de encontrar solução para os casos de docentes contratados por curtos períodos de tempo e que mudam constantemente de escola e, por outro, criar alguma relação entre o docente e a escola onde vai ser avaliado. Desta forma, todos os professores que cumpram menos de seis meses numa escola podem voltar a ser contratados sem qualquer tipo de condicionantes, mas os que passem o mínimo de tempo exigido pelo processo de avaliação ficarão impossibilitados de renovar contrato enquanto não receberem a correspondente nota positiva.
Segundo o secretário Geral da Federação Nacional dos Sindicatos da Educação, João Dias da Silva, a pressa do Ministério da Educação em estabelecer a avaliação do desempenho criou situações insustentáveis, onde estes professores já deviam ter sido avaliados para poderem ver as expectativas de renovação de contrato satisfeitas. "É por estas razões, a juntar a muitas outras, que nós dizemos que não estão reunidas as condições para o arranque deste processo de avaliação dos professores", defende João Dias da Silva. "As escolas devem-se limitar a trabalhar até final deste ano a fazer os documentos da avaliação, pois já se percebeu que ainda não tiveram tempo para definir os parâmetros, e arrancar no próximo ano lectivo, ainda a título experimental".
O secretário-geral da Fenprof partilha das preocupações do seu congénere da FNE e acrescenta que os problemas dos contratados não se resumem à falta de avaliação. "Importa perceber também que o Ministério não quer reconhecer o tempo de serviço aos docentes que cumpram menos de seis meses de trabalho. Já apresentámos queixa na Comissão de Trabalho da Assembleia da República, porque a tutela está a assumir que um professor que trabalhe um mês, por exemplo, não tem direito a ter o seu tempo de serviço contabilizado".
João Dias da Silva, da FNE, questiona ainda "o que acontece a um professor que dá aulas em duas escolas diferentes e que tem duas avaliações diferentes em cada estabelecimento". Interrogações em torno de uma avaliação muito polémica.
(in DN)
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