Sindicato de Jornalistas acusa PSD de ingerência na RTP
O Sindicato de Jornalistas (SJ) acusou hoje o PSD de ingerência na RTP devido a um pedido de audição parlamentar do director da estação pública a propósito da contratação da jornalista Fernanda Câncio para um programa.
"Qualquer requerimento com vista à prestação de esclarecimentos, por parte de responsáveis da RTP, na Assembleia da República, sobre a escolha de jornalistas para programas constituirá uma ostensiva ingerência do PSD na orientação do operador de serviço público de televisão, que o SJ repudia", refere o sindicato em comunicado hoje divulgado.
O porta-voz do PSD para a comunicação social, Agostinho Branquinho, disse sábado à Lusa que os sociais-democratas vão apresentar, esta semana, um requerimento dirigido ao director de programas da RTP e ao conselho de administração da estação pública, questionando os critérios e os custos desta contratação.
De acordo com a imprensa de sábado, Fernanda Câncio, jornalista do Diário de Notícias, vai participar num programa a transmitir na RTP2 dedicado a bairros problemáticos, da produtora Contra Costa.
"Torna-se incompreensível que a RTP contratualize com entidades externas a feitura de programas para a sua grelha", defendeu Agostinho Branquinho, acrescentando que "a estupefacção é maior quando se contratualiza com alguém que não tem experiência televisiva".
Para o SJ, a forma como o deputado se referiu à jornalista constitui "uma intolerável ofensa ao direito dos jornalistas ao livre exercício da sua profissão".
Além disso, acrescenta o sindicato, "apesar de a RTP ser o operador de serviço público, é absolutamente inaceitável que o poder político interfira na escolha de quaisquer profissionais - especialmente jornalistas - para quaisquer programas".
Adiantando que os partidos "devem abster-se de quaisquer iniciativas que comprometam o estatuto de independência da RTP e alimentem a suspeita de que a escolha de jornalistas (...) está submetida à vontade ou aos caprichos do poder político - seja ele representado pelo Governo ou pela Assembleia da República" -, o SJ defende a revisão "urgente" dos estatutos da RTP, "designadamente na disposição sobre o acompanhamento parlamentar".
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