quarta-feira, 21 de maio de 2008

Aumento de preços causa corrida a gasolineiras mais baratas!


Combustíveis: Aumento dos preços causa corrida a gasolineiras mais baratas

A subida dos preços dos combustíveis está a desviar clientes dos postos tradicionais para as gasolineiras dos hipermercados que praticam preços mais baixos, levando os automobilistas a formar filas diariamente, alguns para abastecer a crédito.

Segundo Miguel Costa, responsável da Área de Negócio das Gasolineiras da cadeia de hipermercados Jumbo, a estratégia da rede de postos de combustível é praticar os preços mais baixos das regiões onde estão instalados.

Actualmente o Jumbo tem oito gasolineiras: Aveiro, Castelo Branco, Gondomar, Alverca, Almada, Viseu, Palmela e Alfragide.
A mais antiga é a gasolineira de Aveiro, que abriu em Julho de 2005, e que desde então regista um movimento superior aos restantes postos de combustíveis da cidade, apesar de estes terem reagido com promoções várias para contrariar a concorrência que o hipermercado veio fazer-lhes.

Nem o facto dos dois outros hipermercados de Aveiro, Continente e Feira Nova, lhe terem seguido o exemplo, abrindo também gasolineiras e praticando preços semelhantes, fez decair o movimento daquela gasolineira.

Diariamente registam-se filas constantes para abastecer, provocando sérios problemas de congestionamento de trânsito que prejudicam, inclusive, os acessos ao hipermercado.
A localização, nas Glicínias, mais próxima do centro da cidade do que as dos outros hipermercados concorrentes, é um dos factores que ajuda a explicar a liderança do mercado, além do preço competitivo.

A escalada dos preços dos combustíveis não está a afectar negativamente o movimento, que até tem aumentado.

"Quanto maior é o preço mais apetência existe por parte do público em afluir aos nossos postos Jumbo", garante Miguel Costa, dando conta de que a sexta-feira é o dia de maior afluência e observando que "os postos de abastecimento Jumbo estão entre os de maior litragem em Portugal", sem revelar números.

Uma das razões apontadas por alguns automobilistas à Lusa para a preferência por aquela gasolineira é a possibilidade de pagar o abastecimento "no fim do mês", através do "cartão Jumbo".

Sem assumir que cada vez mais esteja a vender combustíveis a crédito, o responsável pelo negócio de gasolineiras daquela cadeia de hipermercados reconhece que "o cartão Jumbo tem uma elevada adesão por parte dos clientes, sendo também um meio de pagamento muito utilizado nas gasolineiras Jumbo".

No Montijo, distrito de Setúbal, as bombas de gasolina que se situam junto ao centro comercial Fórum, naquela cidade, são igualmente das mais procuradas pelos utentes devido aos baixos preços praticados em relação a outros postos de combustíveis da região.

Nas dez bombas disponíveis no Fórum Montijo, os preços praticados variam entre 1,320 euros (gasóleo), 1,400 euros (gasolina 95) e 1,460 euros (gasolina 98), o que leva a que mesmo num dia de semana a meio da tarde exista sempre um grande movimento de viaturas no local.

Os clientes da bomba são unânimes em considerar que é a diferença de preço em relação a outros locais que justificava a sua deslocação à bomba, e muitos optam mesmo por atestar o depósito.

A Lusa tentou contactar os responsáveis pelas bombas no Fórum Montijo, mas quaisquer esclarecimentos foram remetidos para os responsáveis do grupo Sonae, mas até ao momento não foi possível obter qualquer resposta.

Também na Estrada da Circunvalação, no Porto, tornou-se habitual haver uma fila junto a um posto de abastecimento de combustíveis, mas os clientes afirmam que nas últimas semanas a procura tem aumentado.

"Temos que procurar o preço mais baixo, porque isto que está a acontecer é uma roubalheira", queixava-se um fiscal de obras, em declarações à Lusa, referindo-se aos sucessivos aumentos dos combustíveis dos últimos meses.

José Carvalho procura as promoções sempre que é possível, nem que isso o obrigue a "perder tempo" numa extensa fila como a que diariamente se regista junto ao posto localizado nas proximidades do Parque Nascente.

"Quando sou obrigado a abastecer num bomba normal, meto só cinco euros", afirmou.
Outro cliente manifestou também a sua indignação em relação aos argumentos apresentados para os aumentos dos combustíveis.

"Toda a gente sabe que o dólar está a baixar e o euro a subir, não há razão nenhuma que justifique o que está acontecer", frisou.

"Isto é um absurdo. As pessoas não sabem o que fazer. Desde que comprei a minha carrinha, o gasóleo já aumentou 100 por cento, passou de 70 cêntimos para 1,40", afirmou um outro cliente.
Em contraste, uma outra estação, conhecida pelos descontos que pratica às segundas e quintas-feiras, estava terça-feira praticamente sem clientes.
Em declarações à Lusa, uma funcionária considerou que "as pessoas iludem-se muito com as marcas, mesmo que outros pratiquem preços mais baixos".

Numa ronda efectuada pela Lusa foi possível constatar que os preços diferem de posto para posto. Das várias estações localizadas dos dois lados da Estrada da Circunvalação a diferença no preço do gasóleo, por exemplo, variava entre 1,375 e 1,295 euros.

Em Lisboa, no entanto, o caso de uma promoção lançada num posto de abastecimento da Repsol - a redução de cinco cêntimos por litro às quartas-feiras -, "não tem contribuído para uma maior afluência", afirmou à Agência Lusa o gerente do posto.
Paulo Silva reconheceu que quando surgiu esta iniciativa, há cerca de dois anos, "verificou-se algum movimento" neste dia de semana, mas adiantou que "tem vindo a diminuir", acrescentando que "isto ficou muito fraco com a concorrência das marcas brancas".

O gerente da bomba de gasolina, situada à saída da Segunda Circular para o Campo Grande, afirmou haver uma "ligeira" afluência às quartas-feiras, mas "nada de relevante" em relação aos restantes dias.

Questionado sobre a possibilidade de se poder alargar a redução do preço para outros dias da semana, Paulo Silva considerou que a medida não faria "sentido porque não há muita procura".
"A mim não me interessam os descontos, poupam-se alguns cêntimos que nem dão para aquecer a carteira", criticou um taxista que se encontrava naquele local, comentando os descontos que algumas gasolineiras oferecem, que considera que só servem para "enganar o Zé Povinho".

"Antigamente abastecia o meu carro com 20 euros e dava-me para o dia todo", afirmou, lamentando que "agora, mesmo que abasteça com 30 ou 40 euros, é quase impossível chegar ao fim do dia com gasolina no depósito".

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